A geração de recursos a partir dos resíduos sólidos é uma prática ainda pouco representativa frente ao volume de resíduo produzido, ocorrendo majoritariamente a partir da reciclagem da fração inerte reciclável, tais como metais, plásticos, papel e vidro. No entanto, em nosso pais, a maior parte da fração gravimétrica dos resíduos sólidos é de natureza orgânica, cuja disposição em aterros sanitários causa impactos relacionados a produção de lixiviado contaminado de alta carga orgânica, emissões de gases de efeito estufa, proliferação de doenças e condições sociais degradadas.

A tecnologia de digestores anaeróbios, baseada no processo de conversão bioquímica, permite a otimização e a aceleração do processo de estabilização da matéria orgânica presente nos resíduos. Esta tecnologia, quando aplicada a recuperação de materiais e energia através do emprego de reatores biológicos, oferece condições controladas para que microrganismos assimilem o conteúdo orgânico, convertendo-o principalmente em biogás, rico em metano (CH4), dióxido de carbono (CO2) e água (H2O).

Desta forma a tecnologia se enquadra no âmbito das fontes renováveis de energia, uma vez que o aproveitamento do biogás se insere no contexto da geração distribuída de energia elétrica. Por outro lado, a massa de resíduos orgânicos estabilizada em uma unidade de digestão anaeróbia corresponde ao que se denomina “composto orgânico estável”, rico em nutrientes e passível de ser utilizada como fertilizante de solos agrícolas e florestais.

Nos últimos anos, diferentes protótipos de digestores anaeróbios de resíduos de alimentos foram desenvolvidos no CESA/UFRJ. Inicialmente, por intermédio de acordo de cooperação acadêmica entre a Escola Politécnica e a Universidade de Boras (Suécia), foram avaliados biodigestores de material têxtil, do tipo bag. Em seguida, digestores cilíndricos construídos em fibra de vidro foram testados. No momento, a 3ª geração de digestores de resíduos orgânicos encontra-se em desenvolvimento, sendo desta vez utilizados contêineres do tipo IBC.