Qual modelo de desenvolvimento queremos para a Amazônia? Não adianta fugir da pergunta. A exploração do mais importante bioma florestal do planeta está acontecendo agora. É a inexorável marcha do progresso — uma palavra que comporta as mais variadas definições, para o bem e para o mal.
O desafio é proporcional ao gigantismo do ecossistema. Mas traz oportunidade fantástica de construção social. Temos que colocar à mesma mesa os setores público e privado, ruralistas e ambientalistas, bancos e empreiteiras, índios e madeireiros. Somente juntos criaremos um novo paradigma de desenvolvimento e governança.
A discussão que interessa leva em conta não só o desenvolvimento econômico e social — tão necessários na região —, mas também um novo padrão de produção e consumo. Um modelo capaz de conciliar a conservação da natureza e o fortalecimento da cultura dos povos tradicionais com o uso dos recursos naturais de forma inteligente e em benefício de todos.
O que nos conduz a novos questionamentos: esse modelo existe? É possível explorar a riqueza da fauna e da flora amazônicos sem prejudicar a biodiversidade? Dá para aproveitar o potencial hidrelétrico, extrair recursos minerais, criar caminhos para a produção de grãos do Centro-Oeste, tudo isso favorecendo o bem-estar das populações e sem desequilibrar o delicado mecanismo de regulação global do clima, que depende da gigantesca movimentação de ar úmido da floresta?
A Amazônia sofreu muito enquanto era vista como fronteira a ser conquistada, e se justificava o extrativismo predatório pelo mito do vazio demográfico. Tampouco avançamos quando a chamamos de pulmão intocável do mundo, numa visão que condenaria parte do país à estagnação. Hoje, ainda oscilamos entre esses dois polos, em cenário que não beneficia ninguém.
Teremos que ser ousados para incluir o capital natural amazônico em uma equação de ganha-ganha. Inovação, pesquisa, ciência e tecnologia são temas de partida para a criação de novos modelos de negócios, dentro de uma agenda produtiva e responsável. Iniciaremos esse diálogo construtivo em um evento amanhã, não por acaso o Dia da Amazônia, no Museu do Amanhã.