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Precipitações só voltam a atingir a região em meados de março e não garantem reservas de água para o período seco

09 01 Noticia SecaCidades do Nordeste enfrentam uma das piores secas dos últimos 100 anos desde 2016, com estiagens que já se prolongam há cinco anos. Reservatórios entram em colapso e deixam a população sem abastecimento de água e o déficit hídrico deve continuar em níveis críticos no próximo ano.

No Ceará, o Castanhão, um dos principais açudes do Estado, que abastece a capital, Fortaleza, opera com menos de 3% de sua capacidade e os dados da Cacege (Companhia de Água e Esgoto do Ceará), apontam que pelo menos 50 reservatórios cearenses apresentam a mesma condição e outros 21 estão completamente secos. Já no Rio Grande do Norte, pelo menos 21 cidades entraram em colapso de abastecimento no último mês por conta dos mananciais vazios.

Em Pernambuco, pelo menos 62 municípios estão oficialmente em situação de emergência desde julho. Dois deles, Caruaru e Bonito, entraram na lista não só por conta da seca, mas também por causa dos fortes temporais que causaram estragos nas duas cidades no final de maio. Mesmo com as tempestades intensas, a região continuou com o abastecimento comprometido.

De acordo com o relatório do INEMA (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia), o mês de novembro, que abre o período úmido no Nordeste, foi marcado por chuvas irregulares e abaixo da média, e com exceção da Bahia que começou dezembro com volumes elevados na maior parte do Estado, os acumulados continuaram abaixo do esperado na primeira quinzena do mês em praticamente toda a região.

Segundo a meteorologista Juliana Resende, da Somar Meteorologia, o resfriamento das águas do Oceano Pacífico que devem configurar um La Niña ao longo deste verão, deveria provocar um aumento nas chuvas durante a estação. “No entanto, as temperaturas do Oceano Atlântico, que banha as praias nordestinas, também estão mais baixas que o normal, e isso pode culminar em chuvas menos frequentes e volumes abaixo da média no Nordeste pelo menos até fevereiro”.

De acordo com a profissional, a região só deve voltar a registrar chuvas mais abrangentes e significativas em meados do mês de março, quando a ZCIT (Zona de Convergência Intertropical), estiver atuando de forma mais efetiva no Hemisfério Sul. O fenômeno migra de forma gradativa para a região durante os meses de primavera e verão e impacta no período úmido do Norte e Nordeste.

“Apesar de as chuvas se tornarem mais frequentes e significativas na região entre março e abril, o déficit hídrico ainda pode persistir em 2018. Isto porque os volumes acumulados nestes dois meses, não devem ser suficientes para suprir o período seco que começa a prevalecer na região a partir do mês de maio”, afirma Resende.

Fonte:  Jornal do Tempo

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