Quase metade da água tratada no Brasil é desperdiçada por falhas de abastecimento
De toda a água tratada no Brasil, quase metade é desperdiçada por causa de falhas na estrutura de abastecimento.
Não é difícil encontrar água escorrendo pelas ruas, rastro de um desperdício ainda comum. O comerciante Adão Macedo disse que era um dia atípico.
“É interessante esse negócio de trabalhar no balde, tem dia que dá, tem dia que não dá. Mas é uma forma”, disse.
Para virar um hábito, tem que praticar. Os moradores da cidade do Adão, Planaltina, no Distrito Federal, flagraram um vazamento na rede de abastecimento.
"Água que não acaba mais!", disse uma moradora.
A feirante Ananda Mayra Alves, que gravou o vídeo, ficou indignada com a quantidade de água perdida.
“Estava um rio, literalmente. Pior do que quando chove. Por que não mostrar isso? Por que não se preocupar agora?”, perguntou.
Um estudo analisou a quantidade de água pronta para consumo que nós, brasileiros, desperdiçamos no dia a dia. E esse estudo mostra que o que a gente está jogando fora é muita água e custa muito caro. De cada cem litros de água captada, tratada e pronta para ser distribuída, 38 litros a gente deixa escorrendo pelo ralo.
É tanta água que daria para encher mais de sete mil piscinas olímpicas por dia, o bastante para abastecer três em cada dez brasileiros - 60 milhões de pessoas. E o custo dessa água que é jogada fora? Mais de R$ 11 bilhões em um ano. Mais do que foi investido em água e esgoto no Brasil.
O estudo do Instituto Trata Brasil, que monitora o saneamento básico em todo o país, mostra três tipos de desperdício: vazamentos em tubulações antigas que precisam ser trocadas; erros de leitura de parte dos hidrômetros, que também precisam de substituição; e os chamados gatos, furtos de água que prejudicam toda a rede e vão para a conta de quem paga corretamente.
Vários gatos foram encontrados em Manaus. Apesar da água em abundância, a Região Norte tem a rede de abastecimento mais precária do país e o mais alto índice de desperdício. Mais da metade da água captada e tratada não chega para as pessoas.
“O Brasil está na contramão do que se está fazendo no mundo. A gente precisa aprender a lidar com a água. A gente cresceu numa cultura de abundância e a gente acha que água nasce atrás da parede”, disse Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil.
Na casa da Maria de Fátima Silva, a água nasce, mas no telhado.
“Aqui não tem segredo não: quando a chuva vem, cai aqui, vem tudo para a calha dessa encanação, aí vem, cai tudo aqui”, contou a dona de casa.
A instalação inteira custou R$ 400. A caixa é de mil litros. Dá para lavar a área externa da casa por um mês.
“Gasta menos e a água é toda aproveitada. Não tem jeito de perder e dizer assim ‘essa aqui vai para o ralo’, não”, afirmou Maria de Fátima.
Fonte: G1